O Clube Comercial de Lorena nasceu na esquina da Praça Arnolfo Azevedo, no "coração" da cidade, onde atualmente funciona o banco Santander. Na época, o clube recreativo era chamado Associação Comercial de Lorena.
Para conhecer um pouco mais dessa história, confira, a seguir, trecho do livro "Memória e Sociedade - História do Clube Comercial de Lorena", escrito em 1997 pelo associado Olavo Rubens Leonel Ferreira:
"Essa antiga sede social, fundada em 11 de janeiro de 1937, já vinha se
tornando pequena e obsoleta para os seus associados, pois o meio urbano
crescia e, com ele, o número de associados, com as suas aspirações por
maiores espaços. As primeiras preocupações com a criação de uma outra sede
social, de um clube de campo, remontam ao final da década de 50. Numa das
reuniões da Diretoria Executiva, no dia 12 de agosto de 1959, compareceu o
engenheiro Gualter do Couto para discorrer sobre um terreno, situado em gleba
recentemente dividida em lotes, no qual poderia ser construído um clube de
campo.
Nessa oportunidade, Gualter do Couto disse aos presentes que o proprietário
do terreno, Ronaldo Gonzaga de Melo Pinto, estava disposto a vendê-lo à
Associação, desde que esta se comprometesse, em prazo razoável a ser
estabelecido em comum, a construir as referidas instalações. Os diretores
resolveram visitar o loteamento, mas nunca mais houve quaisquer referências
escritas sobre o assunto.
Já em 1965, voltou-se às discussões sobre a necessidade de um clube de
campo. Os diretores Ronald Ferreira, Moacir Costa e Armênio Gomes entraram
em contato com o dono da área pretendida em 1959, Dario de Melo Pinto, pai
do citado Ronaldo Gonzaga Pinto, que se dispunha, novamente, a vendê-la à
Associação. Esta propriedade era a fazenda do Ipê.
Mais uma vez fracassaram as negociações com as terras dos Melo Pinto, pois
a área que seria realmente disponível para o clube de campo era insuficiente,
não se aproveitando, ainda, as benfeitorias existentes.
Em 3 de outubro de 1965, diante da frustração causada pelo fracasso da
tentativa da compra do imóvel supracitado, em assembléia geral extraordinária
se constituiu uma comissão permanente para discutir o assunto, sendo
enfatizada a necessidade de aquisição de um 'lugar aprazível, marginando o
Paraíba ou um seu afluente, que facilite a construção de um lago, a fim de que
se possa ter esportes terrestres e aquáticos'. Na verdade, o que ocorria nessa
época era o seguinte: a Associação Comercial não tinha dinheiro suficiente
para grandes aquisições patrimoniais. E mais: naquele período já não existiam
pessoas como Firmino Borges Escada, um financista que investiu no futuro da
sociedade. Um ano depois, no dia 11 de maio de 1966, o diretor Ronaldo José
Gomes Ferreira apresentou aos seus pares uma proposta de aquisição do Cine
Rex, que fazia divisa com o Clube, mas estas negociações também falharam,
pois uma das irmãs do proprietário José Martinho Marotta não concordou com
a venda. Quando mais esta tentativa de compra de um imóvel não vicejou, o
presidente Oswaldo Pinto de Oliveira construiu a quadra coberta da
Associação, inaugurada em 24 de junho de 1967.
Foi somente no ano de 1972, no dia 21 de março, que o agora denominado
Clube Comercial de Lorena conseguiu adquirir uma área de 76.058 m2, na Vila
Zélia, de Antonio Gonçalves Carvalho Neto, pela importância de Cr$
100.800,00.
Nessa área de enormes dimensões, pretendia-se construir a sede de campo do
clube, mas, como já se disse antes, não havia dinheiro em caixa. Alguns
conselheiros, em reuniões de debates acalorados, afirmavam que faltava
coragem e determinação para o início das obras; outros dirigentes do clube,
mais moderados, lembravam a obsolescência da antiga sede, mas
reconheciam, mais uma vez, a falta de recursos.
Em 30 de outubro de 1977, o presidente em exercício fez o seguinte
pronunciamento em reunião do Conselho: 'Nosso clube, com mais de 40 anos,
já apresenta sinais de estragos em todas as suas áreas, precisa de reparos e
melhorias urgentes, a fim de tornar-se um ambiente de melhor vivência ao
campo de associados; tem uma piscina construída há 30 anos, com maquinário
obsoleto, um corpo de empregados que precisa ser atualizado. Fizemos tudo
para dar início ao nosso clube de campo, porém chegamos à conclusão de
que, presentemente, é impossível'.
Porém, não passou muito tempo até que o Clube fizesse a maior transação
imobiliária de sua história, com a compra da área da Subsistência do Exército,
ao lado da rede ferroviária. Maurício Salomão Nahas era um capitalista paulista
que vinha adquirindo imóvel federal, tendo comprado a intensa área urbana da
Subsistência do ERS/2, em Lorena, no dia 10 de julho de 1978.
Esse imóvel foi oferecido ao Clube Comercial e o presidente Ronald José
Gomes Ferreira, ainda à frente dos destinos da entidade, levou a efeito os
entendimentos para a sua compra. Negociações difíceis. O Comercial, para
conseguir dinheiro, se dispôs a vender a sua sede, de 1.051,30 m2 de área
construída, e a quadra coberta, de 549,00 m2, ao Banespa, banco interessado
em comprá-las. Mas o proprietário da Subsistência, Maurício Salomão Nahas,
vinha tornando complicadas as negociações: a cada vez que se falava em um
determinado preço, ele o majorava. Assim, o valor combinado subia a cada
contato, chegando a patamares cada vez mais altos.
Para facilitar a transação, autorizou-se Maurício Nahas a tratar diretamente
com o Banespa; assim, ao invés de ser feito um negócio em triângulo, criou-se
uma ponte entre o dono da Subsistência e o banco. Aí, começou o negócio a
interessar a ambas as partes e acabou sendo redigida uma escritura pública de
permuta, em 22 de dezembro de 1978.
A área da Subsistência do Exército foi comprada pelo Clube por um valor total
de Cr$ 10.000.000,00, tendo entrado na transação a venda da antiga sede ao
Banespa, por Cr$ 7.000.000,00, e a venda do terreno do clube de campo a
Maurício Nahas, por Cr$ 3.000.000,00. O Comercial continuou proprietário da
área das piscinas, com 989,34 m2, que foi vendida ao Banco Brasileiro de
Descontos S/A no dia 9 de julho de 1979, por Cr$ 4.180.000,00. Esta
importância serviu para que fossem tocadas as primeiras obras nas instalações
recém-adquiridas.
A compra da nova sede, um excelente negócio na época, foi muito criticada.
Em 1978, a Subsistência era considerada distante do centro, das
comemorações carnavalescas, das festas de Nossa Senhora da Piedade, dos
desfiles, das procissões. Além do mais, era comum os sócios saírem de casa
para ir ao cinema ou à Praça Dr. Arnolfo Azevedo, e depois entrarem no Clube
para tomar um cafezinho, conversar com os amigos, ir ao banheiro ou,
simplesmente, debruçar-se nas suas janelas e ver o movimento do jardim. O
pessoal do jogo aparecia no Comercial às sete da noite, tomava um café e já
iniciava aquelas noites enfumaçadas do carteado. Com a mudança para a nova
sede, tudo ficava difícil: ir ao Clube se tornou algo a ser planejado com
antecedência, agendado, dada a distância.
O presidente da sociedade, nessa fase, chegou a receber cartas anônimas,
ameaças, e foi alvo de insinuações maldosas a respeito da sua participação na
transferência da sede. E houve muitos sócios que venderam o seu título de
propriedade, a exemplo do sócio fundador Avelino Bastos Filho, que se
justificou dizendo não querer 'ir para o mato'...
Enfim, como ocorre nas mudanças, a transferência do clube para a
Subsistência foi uma experiência traumática para todos - para os associados,
que ainda não haviam assimilado a nova realidade, e para os diretores, que
viviam preocupados com as enormes dificuldades que tinham à frente.
Acresça-se ainda o fato de que, nessa época, não só se mudavam o Clube e
os seus associados, mas também a sociedade brasileira como um todo, com a
rápida modernização e diversificação da indústria e dos serviços, com um
brutal processo de concentração da renda, com o endividamento externo, com
a abertura para o capital estrangeiro, com a inflação. Finalmente, no dia 25 de
janeiro de 1979, o diretor Miguel Rodrigues Santiago tomou uma atitude
enérgica e decisiva: pegou um caminhão pequeno, pôs nele os móveis antigos
e gastos do Clube, e rumou para a nova sede. Foram 15 meses de obras em
que os associados estiveram afastados do Clube; muitos chegaram a atrasar
até por vários meses as suas mensalidades, talvez desincentivados pela falta
de atrações. Apesar disso, outros sócios vinham acompanhar as obras,
compreendendo a importância da maravilhosa iniciativa da mudança.
No dia 3 de maio de 1980, às três horas da tarde, houve, finalmente, a
inauguração das novas instalações. Estava se iniciando um novo tempo para
os associados do Clube Comercial e eles sentiram, naquele início dos anos 80,
que haviam dado um passo importantíssimo em direção ao futuro".
Hoje com 85 anos de tradição no Vale do Paraíba e em sua cidade sede, o Clube Comercial de Lorena é um dos clubes mais bonitos e completos da região. Sua história se mescla à história de sua cidade, pois faz parte da vida de famílias por várias gerações.
Atualmente, são cerca de 7 mil associados, que participam diariamente das atividades esportivas, recreativas, sociais e culturais oferecidas. Para muitas famílias, o Clube Comercial é a extensão de casa, onde passam parte importante de seu dia.
Na área esportiva e recreativa, além da Academia completa, o CCL oferece mais de 40 modalidades (que incluem diversas artes marciais, atividades aquáticas, escolinhas, aulas de dança, ginástica / fitness e o Idade Ativa, programa para a melhor idade). Há, ainda, Sala de Bilhar, canchas de Bocha entre as melhores da região, Brinquedoteca, Complexo de Futebol, Complexo de Tênis, quadra de Beach Tennis, bosque com pista de Cooper e quadra externa, amplo Ginásio Poliesportivo e dois parques infantis.
O CCL também possui quiosques destinados ao lazer e eventos dos associados, saunas feminina e masculina, Restaurante Choppiano (Barzzini), Quiosque da Sauna (Nosso Bar), Salão Social, salão do Engenho e uma variada programação social.
Tantas atividades, para associados de todas as idades, e ainda estacionamento, enfermaria, fraldário e segurança durante o tempo integral de funcionamento.
Letra, música e arranjo: Leabacar
Clube Comercial de Lorena! 1937
Do anelo que incendiou,
No peito, cada coração,
Firmino Escada perpetrou
Um berço de recreação.
Em glória nosso sol raiou,
A luz abriu a escuridão,
Um elo forte se forjou
Propiciando união.
Comercial, um Clube de valor;
Orgulho dessa terra tão gentil,
À qual tudo dedica com amor;
Exemplo entre os clubes do Brasil.
Bandeira que se fez erguer
Do entrelace social
De um povo que previu crescer
Pela demanda cultural.
Teu Símbolo, por gratidão,
Exalta este solo meu;
Lorena tens no coração,
E o coração, no apogeu.
Comercial, um Clube de valor...
A vasta sede agregou
Colosso de vegetação;
Nas festas, sempre proclamou:
Cultura e descontração.
No esporte és um vencedor
Honrando teu celeste azul,
Teu branco mostra o labor
Por uma paz de Norte a Sul.